terça-feira, setembro 19, 2006

A Idade Certa

Após vários anos a trabalhar no mesmo sítio, vi-me subitamente confrontada com uma reestruturação na empresa.

A preocupação deu um passo à frente. Sobretudo numa altura em que não há tempo nem lugar para uma pré-reforma e muito menos tempo e lugar para ser considerada uma miúda. Embora não seja a primeira vez (e decerto não será a última, nos tempos que correm) que uma situação assim me “cai” no colo, há sempre um frio no estômago perante a situação.

Felizmente sempre consegui dar a volta por cima. Além disso sou adepta da mobilidade como forma de evolução.

No entanto, desta vez, deparei-me com certas nuances. Descobri que paira em surdina no nosso país uma misteriosa mania da “Idade Certa”, que é diametralmente oposta à tal vontade de mobilidade e evolução.

O que é a “Idade Certa”? Onde está a “Idade Certa”? Quem tem “Idade Certa”?

Será a idade fisiológica? Terá a ver com a experiência e os canudos?

Cheguei à conclusão que tem sobretudo a ver com aquilo que as empresas estão dispostas a pagar independentemente das habilitações, da experiência, da quantidade de canudos ou da vontade de trabalhar dos candidatos.

Desengane-se quem pensa que lá por ter uns quantos canudos tudo consegue. Quem já não ouviu uns quantos “Tem muita idade” ou “Tem experiência a mais”?

Eu ouvi e decerto continuarei a ouvir. Por muitos mais anos. Tantos quantos os que por mim passarem e tantos quantos aqueles que o nosso país continuar a atravessar a crise de emprego que se conhece. Mas sobretudo ouvirei, enquanto persistir a mentalidade tacanha de que a galinha-da-minha-vizinha-é-mais-gorda-do-que-a-minha que infelizmente ainda existe.

terça-feira, setembro 12, 2006

Livros - As Herdeiras de Adriano Gentil

Meia dúzia de páginas relatam a história de um homem que casou e descasou cinco vezes. As cinco mulheres, cada uma muito diferente das outras, complementam-no nas várias fases da sua vida, como peças de uma engrenagem evolutiva. Depois de morto, o protagonista “presente-ausente” deixa-lhes a fortuna.

E depois…é a reviravolta de emoções, ambições e até manipulações. O habitual, quando há heranças, muito dinheiro e várias pessoas envolvidas.

O final, uma surpresa entre o triste e o divertido.
O livro não é grande, pelo contrário, e a narrativa prende a atenção até à última página. É, aliás, interessante vermos como quem escreve se coloca na pele de outrem, sobretudo quando esse outrem são 5 mulheres e o escritor homem.

O livro é do ex-director do Expresso e director do recentíssimo Sol: José António Saraiva que, mesmo com
todos os defeitos que se lhe atribuem, continua a ser um excelente contador de “estórias”. Li e gostei. A editora é a Oficina do Livro.